quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Três anos sem escrever nada!

Mais de três anos sem escrever nada!

 

Em minha defesa, não houve nada de especial para escrever, tirando, talvez, uma pandemia que matou quase sete milhões de pessoas, o auge vingativo do “Me too” ou eleições presidenciais que despoletaram invasões aos senados de alguns países. Coisas insignificantes que não me fizeram, na altura, levantar do sofá para escrever sobre tais trivialidades.

 

Agora, o beijo não consentido do espanhol, na espanhola, já me obriga a emanar opinião sobre tamanho evento!

 

A primeira coisa que me apraz referir é a simpatia que nutro por “nuestros hermanos”. Faz tempo que me apercebi que, para os portugueses estarem bem, é necessário que os espanhóis estejam também. Os próprios espanhóis aperceberam-se que os portugueses não são assim tão maçadores e que as férias ou os negócios com portugueses são boas oportunidades de negócio. Daí até ao tratamento mais cordial, com os portugueses, foi um ápice!

 

Disto isto, estranho que um país como Espanha, tenha tido tão pouco critério na seleção dos Presidentes da sua Federação de Futebol, senão vejamos:

 

Ángel María Villar, advogado, anterior responsável pela Real Federação espanhola, foi detido em julho de 2017, por supostas irregularidades enquanto responsável federativo. Em 2018, quem é que os espanhóis acham que daria um bom responsável pela RFEF? Luis Rubiales, advogado, e que se manteria no cargo até setembro deste ano, em consequência do famoso beijo, não consentido, em Jennifer Hermoso!

 

Se fosse espanhol, ou advogado, seria caso para dizer: “é preciso ter azar!

 

O que não percebo é como um homem, com formação superior e com anos de atividade federativa, ser capaz de fazer, perante milhões de telespetadores a comemoração que fez, junto à Rainha de Espanha, no final do jogo, para logo a seguir, não satisfeito, pregar um beijo numa jogadora da sua seleção!

 

Que conclusões tirar destes episódios?

 

O homem, claramente, não percebeu ainda, em que época está a viver. Confrontar a sociedade, e principalmente, as redes sociais, como ele fez, na famosa e incendiária conferência de imprensa, é digno de um iniciante nestas andanças, só justificado pelo histórico machista que é associado ao espanhol! Porventura, não conhecerá o "efeito streisand" e as consequências que estas atitudes têm no mundo digital

 

Foi necessário que as várias instâncias desportivas e judiciais o tenham banido, para que ele se demitisse das suas funções!

 

Com isto tudo, não falei da vítima - Jennifer Hermoso – que, coitada, viu-se metida nisto tudo sem saber como! Vou deixá-la descansar! Um dia, sou capaz de opinar sobre este assunto.

 

Por fim, não percebo porque é que, com tanto rigor, na sociedade e, principalmente, nas redes sociais, os eleitos não são mais bem escrutinados? É a demolição dos valores mais básicos na contratação pública!

 

Juro que não percebo!








segunda-feira, 4 de maio de 2020

Disfuncionalidades e outros dissabores!

Temos vivido, seguramente, um período que a história há-de identificar como um período negro da raça humana, com lacunas grandes nos valores da humanidade e com massivas doses de egoísmo, quer colectivo, quer individual.

Recentemente, assistimos ao nascimento de uma nova caça às bruxas, que as novas redes sociais permitiram e até ajudaram a fomentar e com ela, vimos o ressurgimento de um discurso poderoso que, com o claudicar da verdadeira comunicação social, toma conta da internet e dos meios audiovisuais e se espalha como um rastilho, vinculando ódios e sentimentos de intolerância e vingança.

Neste discurso, o politicamente incorrecto, tornou-se, de repente, o politicamente correcto. É normal agora, dizer mal, apenas porque sim, ou transformar opiniões em factos e deduzir novos conceitos em factos que não o são, nem nunca foram.

Choca-me ver alguns conceitos que, por um discurso politicamente correcto, são confundidos, a meu ver. E isto é apenas a minha opinião, não nenhum facto!

Choca-me, por exemplo, ver que processos eleitorais como o norte-americano, o brasileiro ou mesmo o russo, sejam descritos como processos democráticos e que é a democracia a funcionar. Mas, não é! O processo eleitoral foi descaracterizado, adulterado e viciado, através da utilização de algoritmos, esse novo perigo público, que os novos sistemas de informação utilizam de forma exímia e condicionam a informação que é vinculada, criam nova e falsa informação que é posta a circular, minam a credibilidade das instituições e dos processos e fazem com que o descrédito se apodere dos eleitores.

Isto, é manipulação, não é democracia. E se pensam o contrário, juro que não percebo...















quinta-feira, 19 de julho de 2018

Mandela 100


Hoje, 18 de julho, comemora-se o centenário do nascimento de Nelson Mandela.

Vivemos tempos conturbados, em que políticos da escola de Mandiba, nos fazem cada vez mais falta. Temos, hoje, homens sem palavra, sem valores e sem rumo, nesta odisseia que tem feito surgir o pior da raça humana.

Voltámos ao ódio, à pouca tolerância, à falta de transparência e ao caminho do mais fácil, guiados pelo lucro fácil e rápido que esta sociedade tem sido fértil em concretizar para uma meia dúzia de escolhidos.

Homens que nos fazem sonhar, que nos fazem sentir importantes e úteis no desenvolvimento do país e do mundo, que nos fazem acreditar que estamos a trabalhar para criar um mundo melhor para as gerações vindouras, são homens que, neste momento, perderam protagonismo e estão no lado escuro e esquecido do mundo.

Ficam os outros; os que mentem com toda a naturalidade, os que dizem aquilo que alguns - muitos - querem ouvir, mas que na prática nada resolve, servindo apenas para as visões de curto prazo.

Ficamos com as mentes pequenas, com os homens e mulheres que dificilmente, algum dia, poderão almejar a estar no lado bom da história.

Homens como Mandela, deixaram de se criar...

Não percebo porquê! Juro que não percebo!




segunda-feira, 9 de abril de 2018

BdC o agregador!

Há males que vêm por bem!

Sempre foi um ditado que, desde miúdo, ouvi os mais velhos dizerem. 

Toda esta situação que está a acontecer com o Sporting é, sem qualquer dúvida, desgastante para simpatizantes, sócios, atletas, e com prováveis resultados nefastos para a carreira de cada modalidade.

Será, contudo, um mal que vem por bem?

No que se refere à eliminatória que aí vem, já na quinta-feira, contra o Atlético de Madrid, será, seguramente, fundamental para o resultado. Resta, agora, saber, quão fundamental será?

Há dois anos escrevi sobre o elemento agregador que o nosso presidente e o nosso treinador deram ao Benfica, para se unir e conseguir fazer o que parecia impossível: recuperar de muitos pontos e vencer o campeonato!

Será que o nosso treinador conseguirá aproveitar este clima de grande instabilidade, mas também, de grande emoção, para unir o grupo e conseguir níveis de concentração, entrega e dedicação que só grandes e únicos momentos conseguem?

Será que este grupo de atletas, que viu a sua dignidade profissional posta em causa, viu o seu grupo ser atacado, ainda mais pelo seu próprio presidente, consegue unir-se em torno desta forte emoção, para dar uma resposta cabal ao presidente que ousou contestá-los?

A diferença técnica no jogo da semana passada não foi assim tão grande, como o são as diferenças nos orçamentos de ambas as equipas, o que significa que, com a união do grupo, e a tão famosa estrelinha da sorte, a reviravolta no resultado pode ser uma realidade e uma porta aberta para um sucesso europeu que nos foge há tantas décadas.

Será Bruno de Carvalho, Presidente do Sporting Clube de Portugal capaz de fazer a equipa passar às meias finais da Liga Europa? Será ele, o elemento agregador, depois de ser o destabilizador?

É que há males que vêm por bem... embora eu jure, que não percebo!

 










 

Futebol, esse desinibidor!

Futebol


Faz mais de um ano que não escrevia no "Não percebo!"

Faz quase dois anos que não escrevia sobre futebol!

Para quem queria escrever diariamente, o objectivo está ligeiramente aquém... se estivesse no futebol, já tinha sido despachado!

O futebol - essa paixão de milhões - volta a fazer-me escrever, porque o meu clube está, de novo, nas bocas do mundo, a ser humilhado, por quem é e por quem não é do Sporting, por quem gosta, por quem odeia, enfim, por quase todos; e isso, incomoda-me!

A vantagem - e, por vezes, a desvantagem - de se escrever sobre determinados assuntos, é que fica registado e, futuramente, não dá para dizer que afinal não era bem isso que eu dizia... está dito; está escrito, não há dúvidas!

E eu já escrevi sobre o nosso Presidente.

Não vou falar sobre a personalidade do presidente do SCP, nem dos seus "post´s", nem da sua atitude perante a adversidade. Isso, pode ser lido em qualquer jornal, rede social, ouvido e visto em qualquer canal de televisão.

Custa-me, no entanto, ver uma instituição como o Sporting Clube de Portugal, definhar sobre os seus próprios receios, fantasmas e ilusões.

Conseguiu-se impor como ideal e objectivo, que os três principais clubes nacionais têm de ganhar o campeonato todos os anos! Se não o ganharem, então os objectivos falham, os treinadores caem e as direcções fazem ainda maiores disparates!  

Se olharmos para outros campeonatos, não tão latinos, conseguimos descobrir clubes que, não ganhando o campeonato local há muitos anos, não têm, também, estas crises existenciais que os clubes nacionais - e não só, podendo mesmo, este, ser um fenómeno mediterrânico, porventura - têm com os seus associados.

No caso em concreto do Sporting, a falta de títulos, nomeadamente, de campeonatos nacionais, está a fazer com que se perca o discernimento quer na sua gestão, quer na sua massa associativa, dando origem a fenómenos como os que estamos a viver.

Aparentemente, o bom trabalho de gestão que o actual presidente tem efectuado, acaba por ser engolido, por um feitio exuberante apoiado no confronto e numa atitude predominantemente violenta.

 Não nos podemos esquecer, no entanto, que este Presidente herdou um clube que estava a começar a negociar um PER (Plano Especial de Revitalização), e ouvia-se um ruído de fundo com o medo da insolvência, reorganizou as finanças do clube, desenvolveu e deu prestigio a modalidades do clube que há anos não tinham actividade, construiu o Pavilhão João Rocha que havia sido promessa eleitoral de várias direcções, esteve nas grandes discussões do futebol internacional, nos últimos tempos, nomeadamente, sobre a legalidade dos fundos, a utilização do VAR, e instigou a justiça nacional para se debruçar sobre alguns casos que necessitavam de analise jurídica para saber da sua veracidade.

Contrariamente a este brilhante curriculum, cada vez que o Presidente fala, acaba por deixar muitos sportinguistas envergonhados, por não ser essa a nossa tradição, nem a nossa postura no futebol - mesmo que isso não nos tenha trazido grandes conquistas no passado.

E é aqui que este texto pretende chegar. O ganhar títulos não pode ser desculpa para tudo; o respeito ganha-se, não por discursos violentos, mas por uma postura que nos permita, com ou sem títulos, andar de cabeça erguida e sem necessidade de andar permanentemente a denegrir este ou aquele, esta ou aquela instituição. Este discurso maniqueísta em que ou estás comigo ou és contra mim, faz parte de um processo tribalista básico que está esgotado e contra o qual há que lutar.

A um Presidente compete, também, dar murros na mesa quando é necessário, mas acima de tudo, compete defender os seus, as suas estruturas porque, para todos os efeitos, ele é, e será sempre, o primeiro responsável por todos eles.

Quando Jorge Jesus acaba por ser o mais sensato no discurso, é porque algo está muito mal na organização.

Ao nosso presidente, não restam condições de governabilidade desta instituição, restando-lhe apenas gerir a forma como quer sair. A ver pelas ultimas comunicações, escritas e verbais, nada de bom espera o Sporting.

 A ilusão de poder, a perda do discernimento, e da razoabilidade leva os homens a situações de rutura para as quais ninguém sai vencedor. 

É algo que, por mais que tente, não consigo perceber! 
Juro que não percebo!












quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Jose Afonso - Era de Noite e Levaram

Faz hoje 30 anos que José Afonso - para muitos, o eterno Zeca - nos deixou, vítima de esclerose lateral amiotrófica.

Hoje, tendo por base, a efeméride dos 30 anos da morte de José Afonso, a rádio TSF lançou o seu habitual fórum com a seguinte pergunta:

- Ainda há causas capazes de nos mobilizar?


Grande parte dos problemas de hoje é que quem nos dirige, conseguiu encontrar a fórmula correta para evitar grandes manifestações. Aconchegaram-nos a vida ao pescoço e temos medo de nos destaparmos, para não perdermos este cobertor curto e roído que tanto nos conforma no dia à dia.

É por esta falsa sensação de bem-estar, que deixamos passar à frente dos nossos olhos, os dramas do quotidiano que seriam sempre grandes causas por nos batermos, em qualquer época da Humanidade.


E é assim que já não ligamos à morte em bruto de crianças em África, desnutridas, doentes e assoladas por uma violência megera, nem ligamos à contínua morte de refugiados no Mediterrâneo, fugindo de um inferno, para morrerem no inferno das portas do paraíso. Já achamos normal que os sistemas políticos estejam viciados e que desconfiemos de todos os seus interventores, que não vislumbremos a manipulação global que acontece de há anos a esta parte, e que nos conduz a uma situação como a que vivemos nos dias de hoje, com homens ambíguos como os presidentes dos EUA, da Rússia, da Coreia e dos neo-aspirantes que aguardam serenamente a sua entrada em cena.

Perdemos a capacidade de mobilização!

Para reunirmos umas centenas de milhares de manifestantes, é normal termos de organizar um festival musical, para dar suporte ao protesto!

É cada vez mais difícil a mobilização. E o problema começa logo pelo movimento mais puro do sufragismo democrático que é, votar! 

Estamos a deixar de votar. E este é um dos grandes problemas. Os mais novos ficaram sem memória sobre os tempos em que nos era vedada a possibilidade de votar. Esqueceram todos os que deram a vida, para que o direito ao voto pudesse ser uma realidade. Não têm qualquer memória do tempo em que a democracia era uma ténue e difusa luz para muitos resistentes.

Hoje, a luta é mais difícil. Mas se o combate é hoje, contra algo que não tem rosto, mais cuidado e atenção teremos de possuir, para estar atento.

Não basta um clique numa qualquer rede social para mostrar a nossa posição. É necessário sair à rua e mostrar de que lado estamos, independentemente do número de "likes" que constam no nosso mural.

Termino com uma citação de Thoreau, também referida no fórum da TSF:

"Quando descobri que o máximo que me podiam fazer era prender meu corpo, percebi a extensão da minha liberdade"
(Henry David Thoreau)


Participação revolucionária no sofá da sala, frente ao computador? É algo que, juro, não percebo!!!